Tem seu nome na história

Resumo do projeto:

Esta intervenção nasce de uma relação amorosa para com a Estação Primeira de Mangueira, escola de samba fundada no bairro da Mangueira em 28 de abril de 1928 pelos sambistas Carlos Cachaça, Cartola e Zé Espinguela; e para com meu pai, Maurício, torcedor e folião fanático da agremiação e que me ensinou a ama-la com a mesma força. Minha máscara foca em mostrar a nossa relação com dois desfiles consecutivos, realizados em 2002 e 2003, que tiveram a participação dele como cuiqueiro. O primeiro, com o enredo intitulado Brazil com “z” é pra cabra da peste — sendo consagrada campeã — e o segundo, intitulado Os dez mandamentos: o samba da paz canta a saga da liberdade, que meu pai alegava ter sido roubado e que merecíamos ter ganho.
De referencial teórico, uso Pier Pasolini para explicar as relações entre os diversos signos presentes em nossa narrativa. Como as visões de uma mesma experiência , aqui o desfile, podem afetar camadas diferentes e serem contadas de formas diferentes dependendo de quem as vivenciou.
A máscara, enquanto artefato físico é produzida com papel colorplus e EVA, o objetivo foi utilizar um material que permitisse a criação de camadas, além de ser relativamente frágil, representando a efemeridade de nossas vivências e memórias, construídas a partir de retalhos do que a mente permite e do que os outros nos contam, além de também representar um material descartável, referenciando as escolas que após aquele ano descartam seu conteúdo e partem para uma nova ideia.
Seu formato parte de junção de signos visuais que remetem ao cangaço, como o formato similar ao chapéu e ao lenço usado no pescoço; e ao Deus Anúbis, presente na história do Egito e que representa a vida após a morte, relação direta com a perda do meu pai em 2003. Talvez, aqui ao utilizar essa imagem, me permitindo ser sentimental e entender o trabalho também como um protetor dessa alma, da memória e da história familiar.